Fórum Street Smart 2025

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Assista a apresentação de Seth Ravin

O Street Smart 2025 foi aberto com uma mensagem direta de Seth Ravin, CEO da Rimini Street, sobre o cenário desafiador enfrentado pelos líderes de TI. Comemorando os 10 anos da operação brasileira da empresa, Seth destacou como a Rimini evoluiu de uma provedora de suporte de software para uma parceira estratégica focada em inovação e reforçou que, diante da crescente complexidade tecnológica e orçamentária, é preciso mudar a forma como empresas planejam e executam sua evolução digital. 

“Os conselhos executivos querem tudo: Cloud, IA, Transformação Digital. Mas, ao mesmo tempo, cortam os orçamentos de TI”, resumiu Seth. Segundo ele, 91% do orçamento médio de TI ainda é destinado à manutenção da operação, restando apenas 9% para inovação – um paradoxo que precisa ser enfrentado. Para resolver esse impasse, a Rimini propõe o modelo autoral Smart Path, que foca no self funding da TI e está baseado em 3 pilares com três etapas: suportar, otimizar e inovar. A ideia é simples: analisar a arquitetura atual, avaliar oportunidades para gerar economias imediatas com a redução de custos operacionais e reinvesti-las em projetos de alto impacto para o negócio. 

O executivo também reforçou o conceito de Composable ERP, essencial para modernizar os sistemas de gestão, que deixam de ser monolíticos para se transformarem em um conjunto de processos conectados por ferramentas orquestradas pela Now Platform. ServiceNow e a Rimini Street, juntas, permitem repensar os modelos de operação antiquados e comprometidos com rotinas desnecessárias de suporte e atualização de software. O novo modelo permite autofinanciar e acelerar a inovação, modernizar o ERP e adotar IA Agêntica por meio de uma camada de orquestração, e alcançar hiperautomação, insights em tempo real e um novo patamar de produtividade.

Estamos em um caminho no qual softwares de ERP não serão mais necessários dentro de uma década. O que está acontecendo é uma transformação completa na forma como pensamos a TI, especialmente os ERPs – que costumavam ser um grande pacote de software, mas que, no futuro, devem se tornar uma referência para processos que fazem o dia a dia dos negócios funcionar. 

“Estamos ajudando clientes a inovar dentro do orçamento atual e em tempo record. Essa é a nova realidade: transformação sem disrupção, HOJE e não daqui a 3 ou 5 anos ou pós aquele upgrade”, concluiu Seth. 

Quando pensamos em IA, imaginamos uma TI estruturada em camadas: começando pelo hardware, passando pelos sistemas operacionais, a camada de dados e, por fim, as aplicações. Agora, estamos falando de uma nova camada de orquestração, na qual a IA passa a atuar, posicionando-se acima de sistemas como SAP, Oracle e outros.

Reforma Tributária: integração entre TI e estratégia como diferencial competitivo 

Assista ao painel

Durante o painel “Reforma Tributária: Desafios e Preparação para a Transição”, mediado por Eduardo Borba, GVP do Rimini Labs Brasil, especialistas concordaram: a complexidade do novo sistema fiscal (que substituirá tributos atuais por um modelo de IVA dual (CBS + IBS) mais um imposto seletivo) exige que TI deixe de ser coadjuvante e se torne protagonista na estratégia corporativa. 

O modelo de IVA Dual será implementado gradualmente entre 2026 e 2033, com fases críticas já começando em 2026, e empresas que não se adequarem poderão ter sua operação paralisada. Segundo Marcio Zapater, CEO da Promon, “a forma como as empresas se estruturam para lidar com a reforma vai dizer muito sobre sua capacidade de inovação nos próximos anos”, um chamado claro à integração entre TI e planejamento estratégico. 

Roberto Bordinhão, diretor sênior da Alvarez & Marsal, apontou que enxergar a reforma como um projeto de negócio, e não apenas de TI, é o que garante governança robusta e visão de longo prazo. Sistemas legados (muitos com 30 ou 40 anos) enfrentam dificuldades para cumprir as novas regras fiscais, o que demanda modernização e automação. 

A Rimini Street propõe novamente sua abordagem em três fases — Suporte, Otimização e Inovação — adequando-se às necessidades do momento: 

  • Suporte: implantação em ambiente não produtivo, permitindo testes seguros e simulações reais; 
  • Otimização: revisão de customizações e integração de processos para evitar falhas na transição; 
  • Inovação: uso de automação, LLMs próprios e IA generativa para reduzir retrabalho, erros fiscais e acelerar a adaptabilidade. 

Essa estratégia se alinha diretamente com a necessidade de integrar TI à governança corporativa. A transformação fiscal deixa de ser um requisito técnico e torna-se vetor de competitividade: empresas ágeis ganharão resiliência e performance. Para exemplificar, diversas organizações migrando para a nuvem sem planejamento estruturado não obtêm ganhos reais, apenas trocam uma plataforma por outra. 

O consenso do painel foi de que modernizar sistemas, estruturar governança coesa entre TI, finanças e negócios e automatizar processos não são luxos, mas imperativos para continuar operando e crescer no novo cenário tributário.

O fim do ERP como conhecemos: bem-vindo à Agentic Era

Confira a apresentação de Eric Helmer

O futuro da gestão empresarial passa por uma transformação radical. Em sua apresentação no Street Smart 2025, Eric Helmer, EVP & Global CTO da Rimini Street, defendeu que estamos entrando na Agentic Era: uma nova fase em que o ERP monolítico dá lugar a um ecossistema inteligente, descentralizado e nativo em IA. “Não se trata de uma simples evolução. É uma mudança completa de arquitetura”, afirmou. 

Segundo Eric, os modelos atuais de ERP se tornaram complexos, lentos, caros e inflexíveis. Com a fragmentação dos módulos e o crescimento exponencial de soluções especializadas, o “núcleo” ERP está encolhendo e deve se tornar apenas mais uma fonte de dados num tecido corporativo orquestrado. “Não é mais sobre o fornecedor ou a versão do ERP. O valor está nos dados que ele contém, e não na plataforma em si”. 

Neste novo cenário, a IA irá atuar como sistema operacional, orquestrando processos com agentes inteligentes que interagem entre si independentemente da origem. Essa abordagem viabiliza ambientes de trabalho mais leves, rápidos e escaláveis, com arquiteturas API-first e interfaces unificadas, como as viabilizadas pela plataforma da ServiceNow. 

A proposta é clara: sair de um modelo baseado em módulos rígidos, interfaces obsoletas e jornadas longas de upgrade, para uma estrutura plug-and-play onde cada processo pode ser automatizado e adaptado de forma incremental – em semanas, não anos. Isso permite, por exemplo, que tarefas como gestão de estoque sejam resolvidas em 3 cliques e 1 minuto, com alertas inteligentes, sugestões de ação e integração com múltiplos sistemas, reduzindo falhas e economizando tempo de toda a operação. 

Para o executivo, o ERP tradicional está deixando de ser o centro da empresa. “A camada de orquestração é o novo centro de gravidade. E, com ela, é possível inovar com segurança, governança, interoperabilidade e agilidade.” 

Esse novo paradigma tecnológico não elimina os sistemas legados: apenas redefine seu papel. O caminho começa com uma tarefa, um fluxo de trabalho, um caso de uso. E a Rimini Street está preparada para conduzir seus clientes por essa jornada. 

Case Apsen: modernização do ERP com foco em valor de negócio, agilidade e governança

Veja a apresentação da Apsen

Em sua participação no Street Smart 2025, Renan Santos, CIO da Apsen Farmacêutica, apresentou uma alternativa ousada ao tradicional caminho de reimplementação de ERPs: uma transformação modular, escalável e orientada por valor. Em vez de seguir com um projeto de R$10 milhões e 14 meses apenas em consultoria para atualização do SAP ECC, a empresa optou por investir em inovação prática e incremental, priorizando entregas de impacto tangível. 

A Apsen, uma das maiores farmacêuticas de prescrição do Brasil, enfrentava o desafio clássico: uma operação robusta e estável, porém altamente customizada, com mais de 100 sistemas e pouca integração entre eles. O ERP era confiável, mas engessado. “Estávamos digitalizando processos de negócio com o ServiceNow, mas a integração com o SAP era limitada e ineficiente”, relatou Renan. 

Foi nesse contexto que surgiu a parceria com a Rimini Street e a ServiceNow, anunciada em outubro de 2024. A união das duas plataformas resultou em um piloto ambicioso: digitalizar e automatizar o processo de transferência de materiais entre plantas, que envolvia mais de 55 mil unidades por mês e dependia de planilhas e e-mails. Em apenas duas semanas de desenvolvimento, a equipe criou um workflow completo dentro da Now Platform, com rastreabilidade, automação e integração direta ao SAP via ERP Data Hub. 

O resultado: redução de 70% no tempo de desenvolvimento comparado ao que seria necessário dentro do SAP, maior confiabilidade nas operações e um novo patamar de visibilidade para os usuários. “Com a ServiceNow, o colaborador executa tudo em uma interface única. O SAP roda em segundo plano, sem atritos. A Rimini garante suporte e continuidade, enquanto a ServiceNow acelera a inovação”, explicou o CIO.  

Além de resolver uma dor pontual, o piloto validou um caminho estratégico. Inspirada pelo conceito de Composable ERP – defendido pelo Gartner e abordado em diversas palestras ao longo do evento – a Apsen encontrou um modelo que permite escalar automações com governança, preservar o investimento no SAP e avançar sem congelar recursos ou impactar a operação. 

“O que importa não é estar na última versão do SAP, mas o que você entrega de valor para o negócio”, concluiu Renan. Para os próximos 12 meses, a meta é ampliar a adoção da arquitetura composable, testando o poder da IA integrada e entregando inovação em semanas – não anos. 

O que pensam os CIOs: integração, IA e governança no centro da transformação

Assista ao painel agora

O painel de CIOs no Street Smart 2025 foi uma das sessões mais aguardadas do evento. Com mediação de Edenize Maron, o encontro reuniu líderes de tecnologia de empresas como Rodobens, Ypê, Apsen e ServiceNow, oferecendo uma visão multifacetada sobre os desafios e caminhos da inovação em larga escala. A principal convergência: a transformação digital precisa, mais do que nunca, de integração, inteligência e governança sólida. 

Daniela Zanfolin, superintendente de TI da Rodobens, destacou que a inovação real acontece na medida em que a TI se torna fluida e se integra naturalmente à estratégia de negócios. “Digitalizar não é apenas automatizar. É transformar o modo como a empresa enxerga o valor da tecnologia”, afirmou. A Rodobens, que opera em diversos segmentos (financeiro, consórcios, varejo automotivo), tem avançado com uma abordagem baseada em dados e experiência do cliente como ponto central das decisões de TI. 

Já Geraldo Pereira, CIO da Ypê, reforçou a importância da governança tecnológica. Para ele, sem uma arquitetura clara, a empresa corre o risco de desperdiçar recursos e perder controle sobre a escalabilidade. “Precisamos de uma TI simples, mas bem estruturada. A complexidade, quando não controlada, trava o negócio”, disse, reforçando o papel de ferramentas como a ServiceNow para orquestrar ambientes diversos. 

Renan Santos, da Apsen, trouxe um olhar direto do front: “Não basta modernizar o ERP. É preciso torná-lo relevante para o negócio.” Ele compartilhou insights do case da farmacêutica com a Rimini Street, reforçando a importância de automações modulares, fluxos orquestrados e ganhos rápidos de eficiência. Renan defende que o Composable ERP é uma resposta prática à pressão por inovação com orçamento limitado. 

João Cerqueira, VP de Solution Consulting da ServiceNow, amarrando os pontos do painel, apontou que a IA vai mudar a lógica de como o trabalho é feito nas empresas. “Estamos saindo do modelo de regras fixas para agentes inteligentes e adaptativos. E quem sair na frente vai capturar valor primeiro.” Ele ressaltou que, no novo cenário, cada fluxo de trabalho pode ser o ponto de partida para uma jornada de inovação incremental, com retorno rápido e mensurável. 

Por fim, Edenize sintetizou o espírito da conversa:  

“O CIO de hoje é um integrador. Integra tecnologias, pessoas, dados e estratégia. E essa capacidade de orquestração é o que diferencia empresas que apenas sobrevivem daquelas que lideram.” 

O painel reforçou um novo posicionamento da TI: não mais como suporte, mas como motor de diferenciação e crescimento em um mundo cada vez mais orientado por dados, automação e inteligência artificial.

On-Premise Reborn: o retorno estratégico da infraestrutura local no mundo híbrido

Reveja a apresentação

Durante o painel “On-Premise Reborn”, Manoel Braz, VP de Sales da Rimini Street Brasil, e Guilherme Silberstein, diretor de Operações e Estratégia da Kearney, abordaram um tema que tem voltado com força às mesas de CIOs: o redesenho da infraestrutura de TI e a revalorização do on-premise em um cenário de maturidade digital e pressão por custos. 

Segundo os executivos, o aumento dos gastos com nuvens públicas, muitas vezes sem a governança adequada, tem levado as empresas a repensarem suas decisões. “Cloud não é uma sentença. É uma escolha. E o design tecnológico precisa ser guiado pelos workloads, e não por modismos”, pontuou Silberstein. 

A repatriação de workloads para ambientes locais já é uma realidade em muitos setores, principalmente diante de infraestruturas on-prem obsoletas e custos elevados nos CSPs. Mas o retorno não significa um retrocesso: o on-prem moderno é habilitado por arquiteturas hiperconvergentes, uso de containers e estratégias orientadas a FinOps, automação e segurança. “Não se trata mais de cloud versus on-prem, mas de orquestrar ambos com inteligência”, destacou Silberstein. 

O painel também discutiu a importância da organização interna para dar suporte a esse novo cenário. Isso envolve desde evitar a terceirização total do conhecimento técnico, até estruturar uma TI com capacidade de responder à demanda de negócios com autonomia. Planejamento de demanda, modelos de chargeback, FinOps, desenvolvimento de competências internas e visão clara de tecnologia e custo são elementos centrais para o sucesso da operação híbrida. 

Na etapa de execução, Silberstein sugeriu que as empresas desenvolvam planos de modernização incremental do on-premise, com RFIs, RFGs e RFPs bem definidos, e foco em resultados tangíveis. A escolha da tecnologia também deve considerar a nova realidade de mercado: com o aumento das preocupações sobre o licenciamento VMware, outras soluções ganham protagonismo, como Nutanix, KVM, Hyper-V e suporte independente da VMware durante transições. 

“Não existe substituto único para o VMware. A decisão correta depende do tipo de workload e da estratégia de longo prazo”, afirmou o executivo da Kearney. 

Para os painelistas, ter sucesso em um contexto híbrido requer equilíbrio entre modernização tecnológica, controle de custos e valorização do capital humano interno. A estrela-guia, segundo os palestrantes, é a arquitetura bem pensada, baseada na interoperabilidade e com visão de futuro.

Case Lwart: Um modelo de racionalidade tecnológica para o futuro híbrido

Confira a conversa

Durante o evento, o case da Lwart Soluções Ambientais foi um exemplo de como decisões de infraestrutura de TI podem (e devem) ser guiadas por pragmatismo e visão de negócio. Jefferson Andriotti, Head de TI e Suprimentos da companhia, compartilhou como a empresa nacional, referência global em rerrefino de óleo lubrificante, vem equilibrando inovação e controle de custos ao optar por um modelo híbrido entre on-premise e cloud. 

Com passagem anterior pela controladoria, Jefferson explicou que a escolha por manter parte da infraestrutura on-premises se deu após um estudo cuidadoso de viabilidade. “Não adianta comprar uma Ferrari para ir até a padaria. O melhor sistema é aquele que atende às necessidades do negócio com o melhor custo-benefício”, destacou. Esse tipo de raciocínio orientou a Lwart a manter o SAP em ambiente local e adotar soluções em nuvem apenas onde realmente fazia sentido, como folha de pagamento e e-procurement. 

Um fator determinante para essa decisão foi o novo modelo de licenciamento da Broadcom para VMware. A conta simplesmente não fechava. “Já éramos clientes da Rimini Street para suporte independente, caiu como uma luva”, disse Jefferson. O suporte da Rimini permitiu manter a infraestrutura estável, com conhecimento interno preservado e sem comprometer o orçamento – tudo sem a necessidade de migrar às pressas para outro fornecedor ou aceitar os novos termos impostos. 

Guilherme Silberstein, da Kearney, complementou o raciocínio reforçando que o cenário de “volta ao on-premise” tem se tornado mais comum diante da alta dos custos de nuvem e dos riscos de lock-in. “Cloud deixou de ser cloud quando você precisa assumir compromissos inflexíveis para obter descontos. É preciso preservar a liberdade de escolha do cliente”, afirmou. 

A mensagem deixada pelos executivos foi de que o que importa não é seguir modismos tecnológicos, mas garantir que TI seja aliada estratégica da operação. “TI tem que ser como juiz de futebol: se ninguém percebeu que estava lá, é porque fez um ótimo trabalho”, concluiu Jefferson, reforçando o papel silencioso, mas indispensável, da tecnologia quando bem dimensionada. 

Rimini Street Foundation: responsabilidade social como parte do legado da inovação

Confira a fala de Janet Ravin

Celebrando os 10 anos da Rimini Street no Brasil, a VP de Global Brand, Content and Communications da empresa, Janet Ravin, trouxe ao palco uma mensagem potente sobre o papel da tecnologia não apenas na transformação dos negócios, mas na criação de impacto positivo e duradouro nas comunidades. 

Desde sua fundação, a Rimini Street Foundation já colaborou com mais de 600 instituições ao redor do mundo, investindo milhares de horas em trabalho voluntário e milhões de dólares em doações filantrópicas. Durante o evento, Janet anunciou uma nova doação ao Instituto Muda Brasil (Imbra), organização brasileira dedicada à inclusão social de jovens em situação de vulnerabilidade.

O Instituto já mantinha uma parceria com a Rimini desde os primeiros anos da empresa no Brasil, e essa nova etapa contou com uma ação concreta já para o dia seguinte ao evento: dezenas de adolescentes entre 15 e 17 anos visitaram o novo escritório da Rimini Street em São Paulo, onde tiveram a oportunidade de conhecer a estrutura da empresa e participar de um programa de mentoria com profissionais da própria organização. A proposta foi mostrar que o futuro é possível, mesmo para aqueles que enfrentam grandes desafios desde cedo.  

Mais do que uma doação, a iniciativa representa o compromisso da Rimini Street com um futuro tecnológico mais justo, acessível e humano.