Jefferson Andriotti (00:07):
Primeiro, agradecer pelo convite. Meu nome é Jefferson, sou Head de TI e Suprimentos da Lwart Soluções Ambientais. Embora a gente já tenha começado o projeto, ouvindo hoje o painel de Reforma Tributária, como Head de TI e Suprimentos, falar de VMware vai ser facinho.
Jefferson Andriotti (00:29):
Tenho 26 anos de empresa e hoje sou Head da área de TI e Suprimentos. Desde 2018, só falando um pouquinho da Lwart Soluções Ambientais: é uma empresa 100% nacional, localizada em Lençóis Paulista, interior de São Paulo, e o papel dela é muito voltado para sustentabilidade.
Jefferson Andriotti (00:48):
Uma pergunta que eu vou fazer — não sei se vocês sabem — quando vocês trocam o óleo do carro de vocês, para onde vai esse óleo? A Lwart compra esse óleo no mercado, tem dezenove centros de coleta espalhados pelo Brasil inteiro e uma frota de aproximadamente 650 veículos pesados transporta esse óleo até Lençóis Paulista, onde a gente rerrefina o óleo, transformando em óleo básico do grupo II. Somos referência mundial hoje na parte de refino em termos de produtividade, a terceira maior rerrefinadora do mundo, e é um orgulho ser nacional e genuinamente lençoense.
Manoel Braz (01:29):
Boa, já ia falar: interior.
Jefferson Andriotti (01:31):
Interior, 014.
Manoel Braz (01:33):
Legal, legal, Jefferson. Eu até tenho aqui algumas perguntas para a gente iniciar, mas a ideia é bater um papo aberto. A gente acabou de ver a apresentação, falando de on-premises, reborn, e eu queria entender como você vê isso na realidade da Lwart. Falamos um pouco mais de VMware e tem uma questão importante que você precisou decidir com relação a esse tema.
Eu queria que você compartilhasse conosco como vê essa realidade dentro da Lwart e o que teve que fazer em relação a essa questão do VMware de supetão.
Jefferson Andriotti (02:15):
Pelo tempo de casa que eu tenho na Lwart, fui para a TI em 2014. Até 2014, sempre atuei na área financeira, fui controller da companhia, e desde lá a gente vem sempre estudando essa possibilidade: on-premise ou nuvem?
Jefferson Andriotti (02:34):
E, recentemente, no final do ano passado, entramos em estudo para fazer o refresh tecnológico e voltamos a olhar de novo o mercado: ir para a nuvem ou ficar on-premises? Nossa escolha foi fazer o híbrido, como já vínhamos fazendo há mais ou menos 10 anos.
Por quê? É aquilo que foi falado no painel anterior: olhar o que eu necessito e o que eu tenho no mercado. Não adianta eu querer comprar uma Ferrari para ir à padaria. O mesmo veículo pode me transportar de um lugar a outro, dependendo do valor que eu tenho no bolso para investir, mas ele tem que atender a minha necessidade. Então, para nós, essa questão do on-premises faz todo sentido, e ultimamente temos trabalhado forte com o modelo híbrido, que tem funcionado muito bem.
Manoel Braz (03:25):
E só complementando, como você mencionou, você tem a missão de tecnologia e também de suprimentos. Como foi essa decisão dentro de casa, tendo essas duas visões? Porque você tem a parte de tecnologia, olhando o que vem pela frente, como trabalhar isso internamente, riscos, etc. E tem a questão de manter o investimento e a situação que vocês já têm.
Você comentou que foi controller, então acho que dá para contar para a gente, dentro dessas três óticas, como lidou com isso.
Jefferson Andriotti (04:01):
Nós temos uma facilidade muito grande de conversar com o nosso CEO, que é muito envolvido na área de tecnologia. Ele gosta de tecnologia, está sempre antenado ao que está acontecendo. Então, a gente olhar o que a TI necessita atrelado ao atendimento das necessidades do negócio. A gente sempre vai buscar custo-benefício para o negócio.
Jefferson Andriotti (04:26):
É uma discussão que o Ramon, que é o líder da equipe de TI, também faz com o time. Não adianta eu querer comprar aquilo que é melhor para a TI, mas não atende nada na ponta. Então é buscar esse equilíbrio entre a necessidade da ponta e o que a TI pode oferecer. No fim das contas, qual o custo que vou ter e qual o resultado melhor. Então assim, quando fizemos essa mudança de olhar, consideramos todo o aspecto técnico e tecnológico, atendimento ao usuário e custo para o negócio: quanto vai custar? qual o investimento necessário? e qual o retorno que eu vou ter?
Manoel Braz (05:06):
Ok. E vocês foram para qual caminho?
Jefferson Andriotti (05:08):
Nós escolhemos o caminho híbrido. Então optamos por ficar no híbrido. Por exemplo, a base de SAP está on-premises, e o restante, como sistema de folha de pagamento e procurement e etc.
Manoel Braz (05:33):
E a questão das licenças que compõem essa infraestrutura, como está? Porque tem a camada obviamente de hardware, de infraestrutura, que pode estar on-premises, como você falou, ou de forma híbrida, mas existe um fator de licenciamento importante.
Jefferson Andriotti (05:46):
Nós trouxemos para dentro de casa. Porque na hora que a gente começou a fazer a conta, pra gente fazer a migração, com a mudança de plano da Broadcom em relação ao valor de investimento que a gente teria para fazer o licenciamento, não fechava a conta de jeito nenhum. E, coincidentemente, participamos, acho que do último ou do primeiro evento da Rimini, que falou de suporte VMware, e isso atendeu a gente como uma luva. Já éramos clientes da Rimini pelo SAP, fomos conversar, e para nós, com o conhecimento que temos em tecnologia, não perdermos nada. Para a gente mudar, teríamos duas opções: ou continuaríamos pagando uma fortuna para ter a nova forma de licenciamento da Broadcom, ou continuaríamos como estávamos, com o suporte da Rimini, e a equipe técnica de TI dando todo o suporte necessário, conhecendo a ferramenta que já usamos há muito tempo.
Manoel Braz (06:44):
Legal. E Guilherme, você comentou bastante de exemplos de repatriação do reborn e de cenários alternativos, mudanças, outras decisões tomar. Eu queria ver contigo: isso já é uma coisa estrutural? Está começando? Como vocês estão enxergando isso?
Guilherme Silberstein (07:05):
Eu sempre olho com o viés de custo, buscando algo que tenha menor custo, mas com igual ou melhor serviço. Olhando não só o VMware, mas a nuvem em si, houve toda uma febre de ir para a nuvem — todo mundo queria ir para a Google, queria ir para a Amazon, com vários incentivos. Você ganha 1 milhão aqui, ganha 10 milhões aqui em créditos, então o pessoas meio que ficaram viciadas nesses créditos na nuvem.
Guilherme Silberstein (07:37):
Agora começou a vir a conta sem desconto, na renovação o pessoal falou “agora AI, tem isso, tem aquilo”, então o preço que era 10 vira 12, depois vai aumentando, aumentando, e de repente chega a um valor interessante em que vale a pena você voltar atrás e ver se o caminho híbrido faz sentido ou não.
Manoel Braz (07:56):
E a ideia — não estou demonizando a parte de cloud, eu mesmo já vendi cloud — mas o ponto é, como você falou, o cuidado com os “locks-ins”, porque se é feito de uma forma… eu costumo dizer: quando você tem compromisso de longo prazo para usar cloud, para mim deixou de ser uma cloud de verdade. A ideia de cloud é você poder ir e voltar, qual ambiente faz sentido, a hora que faz sentido, e não ficar refém do modelo com “locks-ins” de suporte. Se você pega esse compromisso por mais anos, pode ter benefício, mas acho que o poder tem que estar sempre do lado do cliente. Esse é o ponto que a gente tem que buscar. Ainda complementando: por que os clientes estão voltando? Qual o viés?
Guilherme Silberstein (08:47):
É viés de custo e de ficar um pouco mais independente dos grandes players. Quando você entende como funciona a nuvem, a Amazon vende aquele servidor três, quatro, cinco vezes, e quase ninguém usa toda a capacidade, então eles têm uma gigantesca quantidade de CPUs ociosos e vão vendendo e realocando na medida que vai precisando. As margens são enormes. Se você é pequeno, ótimo, porque não tem como comprar centenas de servidores. Mas, na medida em que você vai crescendo, é o momento que vale a pena repensar. A cada três ou quatro anos, repensar para onde vai.
Manoel Braz (09:30):
Legal. E só aproveitando o tema, Jefferson, isso extrapola para outras situações dentro da Lwart de tecnologia, por exemplo, o próprio SAP, a questão do VMware. Como você tem pensado isso, extrapolando um pouco além do VMware?
Jefferson Andriotti (09:47):
A gente parte do princípio de olhar tudo. Talvez até pelo meu viés de controladoria, eu quero o que tem de melhor, mas com o melhor preço — e o que é melhor nem sempre é colocar o top, ou aquilo que está melhor indicação do Gartner. Não. O que é melhor para o negócio. Preciso ter o melhor sistema de segurança do mundo? Preciso ter o melhor equipamento do mundo? Não. Eu tenho que atender aquilo que precisa o meu negócio, enquanto estiver rodando bem, sem travar, e a TI não for lembrada. Eu uso até uma frase lá: a TI, dentro da Lwart, tem que ser como juiz de futebol — se acabar o jogo e você não souber quem apitou, é porque ele foi bom.
Jefferson Andriotti (10:44):
Agora, se ele dá pênalti errado — hoje o VAR ajuda — mas se der pênalti errado, anular gol errado, ele vai ser lembrado por vários momentos. Então eu sempre trabalho assim: a TI tem que ser como juiz de futebol. Se acabou o jogo e ninguém precisa saber que a gente apitou, a gente está trabalhando. Porque no dia que caí uma internet, a internet fica 5 minutos fora e parece que acaba o mundo. Então a gente vem sempre trabalhando nessa visão, de olhar o que é melhor para o negócio, não aquilo que o melhor que está sendo apresentado para nós.
Manoel Braz (11:17):
É a diferença do crítico e do estratégico. VMware, por exemplo, é muito crítico, mas se comparado com o SAP, que roda o core, tudo vai junto. Para a virtualização da empresa, né? O que está por cima, vai junto. Então, acho que esse é o ponto que traz complexidade, correria, talvez não a melhor negociação, sendo que isso pode ser feito de forma mais controlada e sem prazo, inclusive. Não é uma decisão que você precise tomar hoje, nem no ano que vem, se está funcionando e entregando o que o negócio precisa. Então é algo que dá para avaliar a necessidade e o que vai mudar para o negócio.
Jefferson Andriotti (12:00):
É, Manoel. Quando trouxemos a VMware para dentro, a primeira pergunta que fizemos foi: “Poxa, a Broadcom está fazendo isso, mas os concorrentes vão ficar parados? Será que daqui a dois anos não teremos concorrentes à altura da VMware, com preços mais acessíveis?” Por que correr agora para fechar contrato com eles? Então vamos nos garantir no que temos hoje e aguardar os próximos dois ou três anos, porque lá na frente pode ser que continuemos com a VMware? Continuemos! Eles podem repensar o processo deles? Podem, mas os concorrentes podem se adaptar ou correr atrás e ver que há uma oportunidade muito grande nesse mercado, oferecendo outra solução a custo mais acessível.
Manoel Braz (12:47):
E de novo, é o projeto que a empresa precisa agora. Vou parar para olhar isso, investir tempo nisso, ou vou olhar algo que realmente traz necessidade para o negócio, até mesmo para avaliar opções? O Guilherme comentou ali várias opções que existem, mas por que tenho que olhar isso agora? Por que movimentar todo o time para isso agora? E eu queria fechar, gente, com uma pergunta para ambos. Acho que temos uma plateia interessante aqui, colegas de outras empresas, e queria pedir uma recomendação de vocês, a opinião de vocês, porque além da Broadcom, temos a questão de cloud, on-premises, o que voltar, ou não. Eu vejo ainda, as pessoas torcendo a boca, quando falam: você vai voltar para on-premises? Claro! Se fizer sentido. Então queria que vocês compartilhassem o que podem dar de informação, pois com certeza tem alguém encarando essa discussão agora.
Guilherme Silberstein (13:48):
Acho que primeiro é olhar a questão do que o negócio precisa. São as demandas que o negócio realmente necessita. O futuro vai trazer muita coisa que esses agentes vão poder nos ajudar a fazer, com “n” coisas.
Guilherme Silberstein (14:09):
Até dou um exemplo: teve um tempo atrás, não sei se vocês viram na mídia, que a Vale teve problema com o Nexxera — mudaram a configuração dos dados bancários de fornecedores, e eles pagaram, acho que R$ 50 milhões, para alguém que nem sabem quem é, e não sabem se pagaram certo ou não, dentro de milhares de transações, porque alguém mudou o dado mestre lá.
Guilherme Silberstein (14:29):
Então imagina: você ter um agente que confere 100% das suas transações — “vou fazer esse pagamento? Esse é um pagamento que já fiz nos últimos 50 pagamentos? Foi para a mesma conta bancária? Teve alguma mudança?” — se tiver, deixa eu levantar a bandeira. Você vai poder fazer isso para 100% das transações. Hoje você faz isso estatisticamente, provavelmente.
Guilherme Silberstein (14:29):
Então é preciso começar a olhar essas novas tecnologias, que podem ajudar a trabalhar com tecnologias antigas. Muito provavelmente, as tecnologias antigas — o ERP, o próprio Office, o Excel — você usa 30% ou 10% do que eles são capazes. Então tente maximizar o que já tem hoje e, com os recursos que sobrarem, olhar para novas coisas. Então, o que vale a pena é escolher onde investir o seu dinheiro.
Jefferson Andriotti (15:13):
Concordo plenamente com o que o Guilherme falou, principalmente na primeira frase: olhar o que o negócio precisa. Eu não posso pensar só no que a TI precisa, mas no que o negócio precisa e como a TI pode ajudar.
Jefferson Andriotti (15:33):
A partir do momento em que consigo identificar essas oportunidades no negócio e atrelar às melhores práticas de TI, aí é o casamento perfeito. E, às vezes, não ter medo. Pode haver aqui alguns possíveis clientes da Rimini com medo de vir para a Rimini. Como é que eu faço isso?
Jefferson Andriotti (15:53):
É uma barreira a ser vencida. Quando migramos para o suporte SAP, há algum tempo, já no primeiro ano eu falei: “Poxa, devia ter ido antes.” A gente gastou dinheiro antes. Tanto que, quando saiu o suporte VMware, fomos dos primeiros a assinar o contrato de VMware. Por quê? Pela credibilidade e pela coragem de fazer, sabendo o seguinte: o processo está na nossa casa, o produto está estabilizado, para que eu vou arriscar ou, por medo, assinar contrato sem saber como vai ser no futuro, por exemplo, com a Broadcom? Como vai ficar isso? Então foi uma oportunidade muito boa e que estamos colhendo frutos positivos neste momento.
Manoel Braz (16:38):
Bom, acho que é isso, gente. O que posso falar aqui pela Rimini: contem conosco. Como falei, temos feito esse trabalho em vários clientes, e vou citar aqui o Geraldo, da Ypê, que ele comentou: a gente faz isso independente do negócio, queremos discutir tecnologia, discutir futuro, e como isso pode ajudar o negócio, permitindo que vocês tenham um roadmap importante de tecnologia e arquitetura.
Manoel Braz (17:10):
Obrigado, obrigado, Guilherme, obrigado, Jefferson, e obrigado mesmo pela parceria.