Como líder de TI no setor de serviços financeiros (finserv), frequentemente reflito sobre os desafios que enfrentamos nesse cenário em rápida evolução — e sobre as melhores formas de superá-los. Ao longo dos anos, testemunhei inúmeras mudanças nessa indústria e sempre reconheci que serviços financeiros são uma combinação entre arte e ciência. Agora, com ferramentas e tecnologias como inteligência artificial (IA), análises preditivas e muito mais, percebo que há uma ênfase crescente na parte “científica” dessa equação — uma tendência cada vez mais forte para ganhar eficiência operacional, reduzir custos e melhorar a rentabilidade.
Em meu papel na Rimini Street, ajudo instituições financeiras a navegar por complexidades de negócios — como financiamento da inovação, estabilidade operacional, compliance e outros desafios — por meio do poder combinado de suporte robusto a software corporativo e soluções de inovação. Atualmente, a IA está no centro das atenções dos líderes do setor financeiro — e com razão. Os bancos acumulam quantidades impressionantes de dados que, por anos, permaneceram subutilizados; mas agora, com IA, há inúmeras formas de transformar esses dados em informações úteis e estratégicas.
Tudo depende de aplicar a IA corretamente — no lugar certo, no momento certo e com a estratégia certa.
A crescente demanda por soluções baseadas em IA em ERP
De acordo com um estudo recente realizado pela Censuswide com quase 3.000 CIOs e CFOs, 85% dos CIOs do setor financeiro em todo o mundo estão investindo ou planejando adotar tecnologias de IA em 2024. A pesquisa também revelou que 71% dos CFOs estão aumentando seus orçamentos de TI, refletindo um forte compromisso com tecnologias emergentes, como as soluções impulsionadas por IA.
Essa é uma tendência que continuará crescendo — e o sucesso dessa transformação depende da colaboração entre CIO e CFO, que precisam definir e compartilhar uma visão comum. Tanto a seleção das ferramentas de IA quanto o financiamento dos investimentos exigirão comunicação clara e alinhamento entre as partes.
Aumentando a rentabilidade com IA em serviços financeiros
A IA pode desempenhar um papel poderoso nos serviços financeiros, oferecendo monitoramento contínuo e em tempo real de fluxos de dados, o que ajuda as instituições a manter informações confiáveis e precisas e a melhorar a tomada de decisão. Por exemplo: com IA, o perfil de risco de um novo cliente de empréstimo pode ser avaliado em minutos, em vez de dias — simulando rapidamente que tipo de consumidor ele provavelmente será e qual a probabilidade de o empréstimo ser pago no prazo e integralmente. Com esse nível de informação, as instituições reduzem riscos enquanto os clientes recebem respostas muito mais rápidas, acelerando os próximos passos do processo.
Outra aplicação relevante da IA na melhoria da rentabilidade é a detecção de fraudes. O JP Morgan, por exemplo, usa IA para analisar grandes volumes de dados de transações, clientes e dispositivos, detectando anomalias e possíveis fraudes — encontrando padrões que seriam impossíveis de identificar manualmente. Ao rastrear dados em múltiplos bancos de dados, as instituições conseguem reduzir riscos e aumentar a rentabilidade, com menos recursos humanos necessários para tarefas repetitivas. Isso é especialmente bem-vindo num cenário em que os custos estão em alta e a escassez de talentos especializados é uma preocupação constante no mercado.
Entretanto, é importante lembrar que a eficácia da IA depende fortemente da qualidade dos dados históricos que a alimentam. Em nossa pesquisa recente, 60% dos CIOs de serviços financeiros reconheceram que seus dados históricos de ERP precisam de uma limpeza substancial para aproveitar plenamente o potencial da IA. O velho ditado “lixo entra, lixo sai” nunca foi tão verdadeiro: priorizar a qualidade e a integridade dos dados é essencial para garantir resultados confiáveis e alinhados às metas de negócio.
IA em serviços financeiros e bancários: avance com cautela
Embora a IA possa desbloquear novas capacidades, é fundamental garantir que essas inovações sejam inseridas em um modelo flexível e preparado para o futuro, capaz de crescer e se adaptar conforme novas funcionalidades surgem no mercado.
Por isso, trabalho com CIOs e CFOs de todo o mundo para ajudá-los a:
- Financiar a inovação economizando nos custos de manutenção de bancos de dados, ERPs e aplicações.
- Adotar uma estratégia de ERP composable, que permita adicionar IA e outras funcionalidades aos sistemas existentes sem necessidade de upgrades, migrações ou reimplementações.
- Acelerar a inovação ao oferecer uma camada aprimorada de experiência do usuário (UX) sobre os sistemas complexos de aplicativos e bancos de dados, graças à nossa parceria com a ServiceNow, Inc.
Compartilho com os líderes a importância de preservar as personalizações únicas de cada negócio, pois elas geram dados valiosos que sustentam a diferenciação competitiva.
Também destaco o risco de se prender a um upgrade de produto apenas para obter alguns novos recursos, o que pode atrasar a adoção de inovações baseadas em IA.
Em vez disso, ao maximizar o valor dos sistemas existentes e complementá-los com as melhores soluções de IA disponíveis, as instituições podem alcançar o ROI desejado e resultados tangíveis — e em menos tempo.
O futuro dos serviços financeiros com IA é promissor
Olhando para o futuro, vejo um potencial extraordinário na capacidade da IA de proporcionar experiências mais ricas e personalizadas aos clientes, sejam corporativos ou consumidores. Os dados acumulados ao longo de décadas podem agora ser ativados e utilizados de forma estratégica, permitindo compreender melhor como oferecer experiências bancárias mais rápidas, precisas e seguras.
Uma das áreas que mais me entusiasma é o potencial da inclusão financeira para reduzir a pobreza. À medida que as instituições financeiras ganham eficiência, podem oferecer serviços bancários mais acessíveis, reduzindo barreiras e ampliando o alcance econômico. A eliminação de intermediários e de etapas desnecessárias na cadeia de valor permite concentrar mais receita nas mãos de pequenos empreendedores — como um produtor de café que agora pode vender diretamente, sem depender de atravessadores. Esse é o futuro que me orgulho de ajudar a construir — e convido todos vocês a se unirem nessa jornada.
