Impacto da Reforma Tributária e Tecnologias Emergentes

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O evento Street Smart da Rimini Street, realizado em junho de 2024, ofereceu um panorama abrangente sobre como novas tecnologias estão moldando o futuro das empresas, ao mesmo tempo em que examinou as implicações da atual proposta de reforma tributária para o ambiente de negócios nacional.  

Para tratar sobre o tema, o painel reuniu grandes profissionais, como Fernando Mombelli, Auditor-Fiscal e Gerente de Projeto da RFB, Fábio Guerra, Gerente de Política Econômica da CNI, Wagner Brilhante, CEO da Bombril, Leandro Ferrari, CFO da Coopadap, Edenize Maron, General Manager Rimini Street Latam e moderado por Paulo Zirnberger de Castro, Diretor Institucional AFRAC. 

No painel, Wagner Brilhante destacou a transparência como um aspecto positivo crucial da reforma tributária. Ele enfatizou que a iniciativa representa um avanço significativo na clarificação dos impostos incidentes sobre produtos comercializados entre estados. Essa maior transparência visa eliminar distorções e vantagens indevidas que eram exploradas anteriormente, proporcionando um ambiente mais equitativo para todas as empresas. Além disso, ao focar na renda dos produtos, a reforma busca garantir que a tributação seja mais justa e alinhada com a verdadeira capacidade contributiva das empresas, promovendo um cenário competitivo mais justo e transparente para o mercado. 

A insegurança política envolvendo a reforma tributária foi uma das preocupações expostas por Leandro Ferrari, CFO da Coopadap. Ele destacou que, apesar das expectativas de que a reforma simplifique e desburocratize o processo tributário, ainda persiste uma grande incerteza sobre como as mudanças serão implementadas e seus impactos reais no ambiente empresarial. Essa falta de clareza pode resultar em um aumento da carga tributária para as empresas, o que, por sua vez, pode elevar os custos de produção. A insegurança política mencionada por Ferrari acrescenta um elemento de instabilidade, pois as empresas precisam planejar suas operações e investimentos futuros sem ter uma visão clara do cenário tributário que enfrentarão. Esses desafios tornam crucial um diálogo contínuo entre o governo, as empresas e os especialistas para mitigar riscos e garantir que a reforma contribua efetivamente para um ambiente econômico mais estável e competitivo. 

“A reforma busca eliminar resíduos tributários e simplificar a legislação. Com o split payment, as empresas poderão focar em atender seus clientes sem se preocupar tanto com economias tributárias”, essa foi uma das opiniões de Fábio Guerra, Gerente de Política e Economia na CNI, ressaltando a importância de um período de transição adequado. O split payment é um mecanismo onde o pagamento de tributos é dividido entre diferentes destinatários, geralmente o fornecedor e o governo, facilitando a conformidade fiscal e reduzindo a carga administrativa para as empresas. 

Fernando Mombelli também questionou sobre a duração da transição da reforma tributária. Ele apontou que a extensão desse período de transição é diretamente influenciada pelos benefícios fiscais já existentes, que precisam ser considerados e ajustados durante o processo de implementação. Essa reflexão evidencia a necessidade de encontrar um equilíbrio entre a urgência de implementar mudanças necessárias e a consideração dos impactos práticos sobre as empresas já beneficiadas por incentivos fiscais. 

Edenize Maron, diretora-presidente da Rimini Street, levantou que a pauta da reforma está na mesa de todos os CEOs e CFOs por forçar decisões estratégicas e de longo prazo, como priorizar e entender o timing adequado para empresas considerarem a migração de sistemas ERP para a nuvem em um ambiente de instabilidade, ou focarem em inovações incrementais nas plataformas existentes, especialmente diante do impacto iminente da reforma tributária. Ela enfatizou a importância de uma avaliação detalhada do custo-benefício e dos potenciais impactos antes de decidir pela migração completa. Maron ressaltou que, ao optar por uma mudança tão significativa quanto a migração de um sistema ERP neste momento, os executivos devem considerar cuidadosamente os aspectos financeiros, fiscais e tecnológicos envolvidos. Além disso, ela indicou que adotar um modelo de Composable ERP pode ser uma abordagem mais vantajosa, permitindo a otimização da tecnologia enquanto se mantém a integridade dos sistemas legados. 

Por sua vez, Paulo Zimberger de Castro, Diretor Institucional da AFRAC, concluiu enfatizando a importância de um preparo estratégico robusto das empresas diante da nova realidade tributária: “As áreas tributárias serão mais estratégicas e decisivas e essa mudança exigirá não apenas adaptação legal, mas também a adoção de tecnologias avançadas para compreender completamente os impactos nos negócios e na cadeia produtiva”. A implementação bem-sucedida da reforma tributária demandará das empresas uma capacidade contínua de análise e adaptação, utilizando ferramentas tecnológicas para garantir conformidade, eficiência operacional e competitividade no mercado.